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Tesis - Morte ao Vivo ("Tesis", 1996)

Posted by Luciano Cirne on 14:43 in

Se existe um assunto polêmico e controverso no cinema, é o mito dos filmes snuff. Espécie de lenda urbana, as películas onde pessoas supostamente são mortas para valer diante das câmeras são motivo de muita discussão: Várias pessoas juram de pés juntos que já viram um, porém, até hoje, nunca foi comprovada a autenticidade de nenhum deles. Muitas obras foram feitas a respeito, mas poucas foram felizes: Do gratuito e monótono "Snuff 102" (que parecia querer chocar a todo custo, esquecendo que roteiro também é importante), passando pelo blockbuster "8 MM" (que peca justamente pelo motivo oposto: a total falta de ousadia, tratando um assunto tão rico e forte de modo tão covarde e trivial), chegando até o japonês "Guinea Pig" (que o ator Charlie Sheen levantou a suspeita que seria real, mas que no fim das contas, constatou-se que era apenas um trabalho de uma equipe de maquiagem querendo testar o quão realista poderiam fazer), nenhum desses conseguiu achar o tom certo para tratar desse tema como o filmaço-aço-aço espanhol "Tesis - Morte ao Vivo" conseguiu.


Estreia do diretor Alejandro Amenabár (que dirigiu o bacana "Os Outros", estrelado pela bela Nicole Kidman e também "Abra los Ojos", cuja refilmagem americana intitulada "Vanilla Sky" fez enorme sucesso), "Tesis" gira em torno da estudante universitária Ângela, que está preparando uma tese (daí o nome do filme, dã!) de conclusão de curso sobre a violência no cinema. Durante sua pesquisa, ela pede ajuda ao seu orientador para que arranja para ela obras com bastante sangue e/ou sacanagem (mas claro que ela não falou desse jeito, rsrsrsrs!) e ele, ao cavucar no acervo de fitas VHS da faculdade, descobre sem querer um filme snuff, vindo a falecer no auditório ao assistí-lo. Ângela sente uma curiosidade mórbida e rouba a fita do videocassete antes de a polícia chegar ao local e, ao ver o conteúdo na casa do seu amigo Chema (um aficcionado por filmes de violência extrema, interpretado pelo excelente Fele Martinez, do também ótimo "A Sétima Vítima"), percebe que a garota morta ali é uma ex-colega de sala, dada como desaparecida há dois anos. Ambos começam a investigar por conta própria quem teria sido o responsável por aquilo e então inicia-se uma trama repleta de surpresas e reviravoltas, onde nunca fica claro (pelo menos até o final) quem é o mocinho e quem é o bandido da história.

O mais impressionante de tudo é que "Tesis" foi feito com um orçamento pequeno (atualmente algo em torno de 600 mil euros, o que, convertendo para Reais, deve dar aproximadamente - de acordo com a cotação de hoje - quase 1 milhão e 700 mil, pouco até mesmo para os nossos padrões) e, mesmo assim, apesar de uns errinhos grosseiros visíveis aqui e ali (tipo um microfone aparecendo onde não deveria), o saldo final é de que assistimos algo esmerado, caprichado, inteligente (nunca tinha visto tanta violência sendo usada para fazer uma crítica a violência... Isso sem falar no final que é simplesmente genial!) e que nos faz pensar: Por que é que o cinema brasileiro atual só sabe fazer as mesmas coisas (adaptações de séries Globais, filmes sobre bandidagem e favela, cinebiografias) e é INCAPAZ de ousar? Fica a dúvida no ar... Não pode ser por problemas de orçamento, pois um a obra dessas ainda sairia mais barato que qualquer porcaria que a Xuxa insiste em fazer ano após ano!


Se você se interessou, não perca mais tempo: Aqui está o link para o Torrent (aliás, a atriz que interpreta a protagonista Ângela se chama Ana TORRENT! Muito sintomático, não? Rsrsrsrs!), bem como para a legenda, mas quer saber? Se você tiver uma graninha sobrando, eu vou sugerir que você, ao invés de baixar, compre o DVD nacional, pois esse é um daqueles que vale mesmo a pena ter em sua coleção! Afinal, é sempre bom incentivar as distribuidoras a lançar coisas diferentes dos manjadíssimos blockbusters americanos, não é?

Trailer:

IMDB


4 Comments


Os Outros foi muito bom. Acho que vale a pena dar uma conferida nesse aí pra ver qual é.


Por quê o cinema brasileiro atual não sai da mesmice? Fácil

Porque hoje são os americanos que bancam os nossos filmes. Daí, só fazem o de sempre, porém com atores brasileiros.


Esse filme é muito bom. Não é o melhor do Amenabár, mas para uma estréia é um trabalho melhor que muito diretor tarimbado tenta fazer.

Só fiquei besta de ver o preço do DVD nacional. O meu eu paguei uma mixaria num balaio do Carrefour, o que é justo num DVD simples sem extras. Culpa da Cinemagia, que não relança seus filmes de forma alguma.


Pô, tá rolando DVD de "Tesis"no Carrefour?? Vou tratar de fuçar nesses supermercados pra ver se acho!!

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